O Brasil, segundo produtor e exportador mundial de óleo de soja,
poderá tornar-se gradualmente um importante produtor e consumidor de
Biodiesel, acrescida da oportunidade de utilizar outros óleos vegetais
típicos das diferentes regiões do país. Também reduziría a dependência
atual de importação de óleo diesel, da ordem de 6 milhões de metros
cúbicos por ano, desonerando o balanço de pagamentos e criando riqueza
no interior.
A disponibilidade de produção de Biodiesel no Brasil poderá expandir
significativamente sua produção de soja e óleo, considerando uma
fronteira agrícola de 80 milhões de hectares, para 240 milhões de
toneladas ano. A capacidade instalada de esmagamento de soja é de 32,4
milhões de toneladas ano. Em 2001 foram esmagadas cerca de 22,8 milhões
de toneladas (ociosidade de 30%)
Conforme a tabela 1 nota-se que de 2002 a 2004, a produção aumentou
devido, as políticas de incentivo ao Biodiesel, aos investimentos, e
principalmente na necessidade de obtenção de uma energia que seja limpa e
renovável, na matriz energética brasileira.
Regiões / Períodos
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2000/01
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2001/02
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2002/03
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2003/04
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2004/05
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Norte
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-
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-
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-
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-
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-
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Nordeste
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73,2
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68,1
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83,8
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103,3
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143,3
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Bahia
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71,4
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66
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81,9
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89
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129
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Centro – Oeste
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-
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-
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-
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-
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-
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Sudeste
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6,7
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4,3
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2,5
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2,8
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4,6
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Sul
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-
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-
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-
|
-
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-
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Brasil
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79,9
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72,4
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86,3
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106,1
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147,9
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Além destes aspectos trata de uma excelente oportunidade para que o Brasil venha a ingressar no bloco de países detentores da tecnologia de biocombustíveis, tornando-se efetivamente exportador de tecnologia e de produtos com maior valor agregado.
A principal estratégia é a de desenvolver o biocombustível a partir da produção de oleaginosas e etanol nacional, gerando emprego e renda nas diferentes regiões do país. Assegurar maior autonomia no suprimento de combustíveis líquidos; contribuir para melhorar a inserção internacional do Brasil nas questões ambientais globais, estabelecer vanguarda no desenvolvimento de mercados novos para produtos potenciais subaproveitados (agricultura), criar mercados alternativos de expressão para commodities brasileiras (petróleo/gás, complexo soja, setor sucroalcooleiro), com excesso de ofertas no mercado externo, desenvolver tecnologias nacionais para produção de combustíveis.
Segundo Parente (2003), no Brasil, desde a década de 1920, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) já estudava e testava combustíveis alternativos e renováveis, como por exemplo o álcool da cana-de-açúcar. E na década de 1970, por intermédio também do INT, passou a desenvolver projetos de óleos vegetais como combustíveis, destacando-se entre eles o DENDIESEL.
Em 1983, o Governo brasileiro motivado pela elevação desproporcional dos preços de petróleo determinou a implementação do projeto (Projeto OVEG) no qual foi testada a utilização de Biodiesel e misturas combustíveis em veículos que rodaram mais de um milhão de quilômetros. Esta iniciativa coordenada pela Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação da indústria automobilística, fabricantes de autopeças, produtores de lubrificantes e combustíveis, indústria de óleos vegetais e institutos de pesquisa.
Foi constatada a viabilidade técnica da utilização do combustível, aproveitando a logística de distribuição existente. Entretanto, naquele momento, os custos do Biodiesel eram muito mais elevados do que o Diesel, desta forma não foi implementado a produção do Biodiesel em escala comercial. Desde 2000, foi instalada em Ilhéus, no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz, uma planta piloto de produção de Biodiesel de éster metílico, com capacidade diária de produção de 1400 litros, podendo ser adaptada para produção de éster etílico (torre destilação e/ou centrífuga para separação do éster da glicerina).
No período de janeiro a março de 1998, sob a coordenação da TECPAR, realizou-se em Curitiba-PR, uma experiência de campo do uso monitorado de Biodiesel B20, mistura de 20% de éster de soja ao diesel metropolitano do Paraná, para uma frota de vinte ônibus urbanos que operaram normalmente com o novo combustível
A década de 1990 se caracterizou pela produção comercial e instalação de plantas em escala industrial, visando atender a preocupação ambiental e estimulada pela competitividade relativa de preços do petróleo e óleos vegetais. Em 2000, foi instalada a fábrica de biocombustíveis da ECOMAT no Estado do Mato Grosso, que produz atualmente o AEP 102, que é um éster de soja aditivo especial da mistura álcool e diesel, além de biodiesel de éster metílico e etílico. Atualmente no Brasil, o PROBIOAMAZON, é o maior programa de óleos vegetais em implantação com perspectiva de produção de cerca de 500 mil toneladas ano de dendê, na Região Norte, a partir da produção em assentamentos do INCRA.
O Biodiesel surge como uma alternativa de diminuição da dependência dos derivados de petróleo e um novo mercado para as oleaginosas. O Biodiesel deve atender às especificações técnicas como sendo um produto único, sem necessidade da definição da origem do óleo vegetal ou qual o tipo de álcool a ser usado na produção, mas sim um conjunto de propriedades físico-químicas para o produto final que garanta a sua adequação ao uso em motores do ciclo diesel.
A mistura do éster vegetal ao óleo diesel em diferentes proporções (ou a utilização pura do éster) permitirá uma redução do consumo do derivado de petróleo com perspectivas de redução da emissão de poluentes. A introdução do Biodiesel no mercado representará uma nova dinâmica para a agroindústria e conseqüente efeito multiplicador nos demais segmentos da economia: transporte, distribuição entre outros, envolvendo óleos vegetais, álcool, óleo diesel e mais os insumos e subprodutos da produção do éster vegetal.
A viabilização do Biodiesel, porém, requer a implementação de estrutura organizada para produção e distribuição, de forma atingir com competitividade os mercados potenciais. A introdução do Biodiesel, portanto, vai requerer investimentos ao longo desta cadeia para assegurar a oferta do produto e a perspectiva de retorno de capital empregado no desenvolvimento e para a sustentabilidade no longo prazo.
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